Wildlife Summit 2019 – Resumo de algumas intervenções

REGISTOS DE ALGUMAS IDEIAS E FACTOS QUE FORAM REGISTADOS EM INTERVENÇÕES NA CIMEIRA DA FAUNA E GESTÃO CINEGÉTICA – WILDLIFE SUMMIT 2019

Caça maior – ameaças sanitárias e reforço da vigilância

Na época venatória de 2018/2019 foram recolhidas amostras a 182 animais (91% javalis, 9% veados) em 54 atos de caça distribuídos pelas várias regiões do Continente (15% Norte, 15% Centro, 4% LVT, 31% Alentejo, 35% Algarve).

Os resultados obtidos foram negativos, à exceção da Doença de Aujeszky (18 animais seropositivos), da Tuberculose (5 animais com lesões suspeitas, tendo 3 obtido confirmação à bacteriologia) e da Língua Azul (7 animais seropositivos).

 

Preservação do património genético das espécies cinegéticas: uma garantia de sustentabilidade e certificação de qualidade

O património genético das espécies cinegéticas encontra-se ameaçado pelo declínio generalizado das populações, como resultado da perda de habitat, predação, mortalidade associada a doenças infeciosas, bem como de situações de excessiva pressão cinegética.

Outro fator importante que tem contribuído para a perda das características genéticas autóctones, e que em parte resulta do declínio das populações, é a crescente intensificação da criação de espécies cinegéticas em cativeiro e a gestão artificial dos recursos através de repovoamentos com animais exóticos e/ou domésticos.

Preservar o património genético das espécies cinegéticas é, portanto, primordial para manter as características e comportamentais autócones, uma garantia de assegurar a viabilidade a médio e longo prazo das populações, e de certificação de qualidade.

 

Quais as bases para o estudo demográfico da população de javalis em portugal?

O javali (Sus scrofa L.) tem uma ampla distribuição no território nacional, e a sua população tem aumentado bastante nas últimas décadas. Como consequência deste aumento, esta espécie tem um grande impacto negativo nos ecossistemas e nalgumas atividades humanas. Adicionalmente é a espécie de caça maior mais relevante a nível nacional, não só pelo número de animais abatidos anualmente como do número de caçadores envolvidos.

Desde 1989/90 até à última época de caça, o número de javalis caçados oficialmente no nosso país tem vindo a aumentar de uma forma gradual, tal como na grande maioria dos países europeus. Atualmente, estima-se que o número de javalis legalmente caçados em Portugal ronde os 30.000 animais/época venatória.

Contudo, as densidades deste ungulado não são uniformes, não só pelos diferentes tipos de habitat e usos do solo, como pela própria biologia da espécie e tipo de gestão de cada zona de caça. Todavia esta heterogeneidade não se fica apenas pelas densidades populacionais, mas é refletida nos diferentes impactos que esta espécie tem em vários setores e atividades (e.g. os prejuízos nas culturas agrícolas e em diversos valores naturais, como espécies ameaçadas de flora endémica, os acidentes rodoviários e os riscos sanitários)

 

Ungulados silvestres: mediadores da biodiversidade, funcionamento e serviços dos ecossistemas

Os ungulados silvestres, através do consumo de plantas, alteram a composição florística, estrutura e produtividade das comunidades vegetais, afetando não apenas a biodiversidade, mas também a própria ecologia e funcionamento dos ecossistemas.

Os cervídeos, pela redução do coberto arbustivo, favoreceram a diversidade das pastagens sob coberto do montado, embora tenham também afetado negativamente a regeneração arbórea. As alterações na comunidade vegetal levaram a alterações de temperatura e humidade do solo que aceleraram a decomposição da folhada.

A redução da biomassa da esteva, embora tenha diminuído o armazenamento de carbono da parte aérea, reduziu substancialmente o risco de incêndio. A longo prazo, pelos efeitos na redução do risco de incêndio e mortalidade de árvores adultas, os cervídeos poderão contribuir para o armazenamento a longo prazo do carbono do ecossistema.

 

A rola-brava: desafios da gestão de uma espécie migradora, cinegética e vulnerável

A rola-brava ou rola-comum deixou de ser comum. O declínio acentuado dos efetivos populacionais desta espécie nas últimas décadas, levou a que fosse classificada como vulnerável a nível europeu e mundial. Gerir de forma sustentável as populações de rola-brava é um desafio, já que ao longo de um ciclo anual, esta ave usa habitats florestais e agrícolas sujeitos a diversas condições ambientais e políticas, quer nos locais de invernada em Africa, quer-nos de criação na Europa. Para além disso, é uma espécie sujeita a arreigadas tradições cinegéticas, em particular nos países mediterrânicos que cruza nas suas rotas de migração.

O plano de ação aprovado a nível europeu para os próximos 10 anos (2018-28) com vista a reverter a situação periclitante desta espécie, preconiza ações diretas que visam a promoção dos locais de alimentação e nidificação, o controle de epizootias e da competição com outras columbídeos (Fisher et al. 2018).

 

Migração dos anatídeos invernantes em portugal. Correlações com a caça às aves aquáticas em frança

Mais de 24 mil patos foram capturados e anilhados em Portugal, desde 1993. Desses, mais de 23 mil foram marcados nasalmente e produziram mais de 115 mil reavistamentos (www.pt-ducks.com).

As recuperações de anilhas, recapturas e reavistamentos permitiram estabelecer o estatuto migratório para cada espécie, sendo que o Pato-real é basicamente residente e as outras espécies são migradoras (embora Frisada, Pato-trombeteiro e Zarro-comum tenham populações reprodutoras nacionais).

Os dados modelados por sistemas de informação geográfica, permitiram a definição de rotas migratórias desde as áreas de reprodução até aos locais de invernada em Portugal. A maioria utilizou a rota migratória do Atlântico Este, com locais de reprodução desde a Islândia até à Sibéria (Rússia).

Os patos migram essencialmente durante a noite e podem fazer até perto de 1300 km durante uma noite ou mais de 2350 km durante 2 noites consecutivas.

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