A Comissão Europeia propôs estabelecer uma moratória da caça à rola-brava.
A Fundação Artemisan, alertou para as graves consequências de adoptar essa medida e respondeu a 10 questões que explicam a situação da rola-brava.
1. Por que razões deveríamos contestar a esta medida?
A primeira e mais importante é com as mudanças da gestão agrária, a rola encontra quase como único sustento a alimentação suplementar e os bebedouros que os caçadores e gestores colocam.
A segunda é que, até ao momento, na Espanha, não conhecemos nenhuma espécie que, após a aplicação de uma moratória, tenha conseguido recuperar as suas populações.
2. A caça excessiva é um problema?
A Comissão Europeia reconhece a perca do habitat como o principal problema, mas os caçadores não devemos esconder que em algumas zonas se tem excedido a pressão e ultrapassado os cupos. O caçador deve ser o primeiro interessado em conhecer o estado das populações selvagens e o primeiro a propor as soluções. O benefício dos comedouros não deve ser anulado pela pressão de caça. Por outro lado, a influência da predação nos ninhos não pode ser esquecida, e hoje apenas Castilla-La Mancha e Extremadura publicaram uma metodologia de controlo legal e viável.
3. O que fazem as entidades responsáveis?
À exceção da Extremadura, a única comunidade autônoma que estabeleceu um plano de recuperação, as restantes ainda não estabeleceram nenhuma medida que marque o Plano de Gestão. As Ilhas Canárias, a Comunidade Valenciana, as Astúrias e as províncias de Álava e Guipúzcoa já estabeleceram sua moratória. Em setembro, o Ministério convocará o Comitê de Caça, onde estarão presentes todas as comunidades autônomas. Lá será decidido quais são as medidas que serão propostas pelo Estado; Mas, dado que as competências de caça são de cada autonomia, uma resposta global, que é o que esperam na Europa, será difícil de encontrar.
4. O que estão a fazer as organizações ecologistas?
Se houvesse uma oportunidade de estabelecer alianças em torno dos problemas de perda de habitat e que caçadores e ambientalistas pressionassem as administrações públicas a estabelecer urgentemente medidas agroambientais e a fornecer bom senso à nova PAC, era esta. Pois bem, os ambientalistas, até agora rejeitaram qualquer colaboração para trabalhar no futuro da rola.
5. Porque há comunidades autónomas que já vedaram a caça à rola-brava?
A primeira coisa a se pensar é que foi por razões de conservação, mas certamente existem outras, como evitar compromissos técnicos e orçamentários com os conselhos, a ignorância das consequências negativas já mencionadas, o medo de um procedimento de sanção ou por cederem à pressão dos ambientalistas.
6. O que estão a fazer os outros países?
A França já propôs cupos para as próximas temporadas na ausência de um plano de caça adaptativo para a UE. Portugal está disposto a aplicar os modelos de gestão que propusemos que, embora de forma menos restritiva, tenham sido acordados por caçadores, ambientalistas e pelo próprio Estado Português. A proibição de caçar na Grã-Bretanha em 1981 sem tomar outras medidas é um exemplo claro da ineficácia de uma moratória. Quanto à CE, lançou o Plano de Gestão, que inclui a moratória, mas sem nenhum orçamento para executar as medidas mencionadas para recuperação do habitat.
7. O que estão a fazer os caçadores espanhóis?
A Fundação Artemisan, em colaboração com a Federação Espanhola de Caça e federações regionais, apresentámos aos dois ministérios um Plano de Recuperação da Rola-brava (PIRTE) e um documento de compromissos a serem transferidos para as comunidades autónomas.
8. A caça em Marrocos é responsável pela situação?
Não é agradável, dada a situação da espécie, saber que ocorrem caçadas massivas na zona do Magreb, mas em nenhum caso a responsabilidade pela situação em Espanha tem a ver com o que acontece com o norte de África. Em primeiro lugar, porque no Magreb se caça principalmente em julho e, em segundo lugar, porque o seu modelo agrícola nos últimos anos beneficiou todas as espécies ligadas a esses meios, principalmente a rola-brava, que encontra ali o habitat ideal que há décadas atrás se perdeu em Espanha. Além disso, o comportamento filopátrico da rola-brava dá a entender que se diz que “caçam as nossas rolas”, é um erro manifesto.
9. Podem as comunidades autónomas opor-se à moratória?
A CE concedeu um prazo até 12 de setembro para responder à carta de notificação formal. Se, de antemão, houver um plano de gestão das espécies no território nacional coordenado pelo Ministério, indubitavelmente haverá elementos suficientes para responder à Comissão, demonstrando com fatos que medidas estão sendo tomadas.
10. Que mais podemos fazer?
Em primeiro lugar, fornecer às entidades responsáveis o número de efeticos caçados. O número oficial falso de 700.000 capturas de rolas, induz conclusões enganosas sobre a realidade da população total. A Fundação Artemisan, propôs a realização de um projeto para monitorar espécies de caça, para que os caçadores saibam qual é o status de cada uma delas, por meio de censos e monitorização de espécies, principalmente aves e com atenção especial para as migratórias, para tomar decisões de gestão. É sem dúvida um dos projetos mais ambiciosos da fundação, e certamente o mais importante para o futuro da atividade da caça em Espanha, da qual realizamos. Como sempre, prometemos não decepcionar; nele, investiremos todos os nossos recursos e conhecimentos.
Fonte: Abc.es