“O Nevoeiro” dos Olivais

“O Nevoeiro”

Desde 2011 que por razões profissionais, viajo todas as semanas, bem cedo, entre Grândola e Mértola.

Tenho verificado que ao longo deste tempo, durante as estações de outono e inverno, as condições meteorológicas se vêm alterando de modo singular:

No início, havia nevoeiro já perto de Sta. Margarida do Sado, nas imediações do Rio, levantando pouco depois, perto da Malhada Velha; entrando outra vez no modo nevoeiro, só já perto de Mértola, sob influência da proximidade do Guadiana.

Agora, no final do outono, por várias vezes que viajo, está nevoeiro um pouco depois de Grândola, e este acompanha toda a viagem, levantando só durante o fim da manhã já em Mértola.

Por outro lado, o ar que agora entra na viatura e se respira durante o trajeto, apresenta diversos odores, conforme a época, perfumados é certo, mas sempre com um suave cheiro (e até sabor) químico.

A paisagem tem-se alterado de forma rápida e radical e, os campos que ladeiam a estrada, o IP8, IP2 e uma pequena parte da EN122, têm passado de montado esparso, restolho, alqueive e sementeiras de cereais, próprios da estepe alentejana, a vastas zonas de olival e também de amendoal, praticamente ininterruptas.

Estas árvores, a que chamam pomares, ocupam enormes áreas de monocultura e, o que ali se pretende é que as árvores regadas e nutridas artificialmente dêem esses frutos de modo intensivo; essa ambição seria absolutamente normal, se não houvesse efeitos colaterais.

Porém, o que será que acontece na implantação destas culturas? E durante toda a sua vida útil? Estes olivais são para produzir azeitona e que mais? Nada mais parece ser desejável dentro destes territórios.

Espreita-se por entre as árvores e o que se vê, além de tubagens, são ervas amareladas, ou já não existem mesmo outras plantas, refletindo a utilização de herbicidas; e a azáfama de grandes tratores e alfaias percorrendo as inúmeras ruas destas geométricas plantações a aspergir produtos na vegetação.

A pergunta do milhão de euros é: O que é que mais (sobre)vive naquele ambiente? Aves, anfíbios, mamíferos, insetos, outras plantas, água potável?

Será que seria importante saber o que ali se passa? Será que a qualidade e quantidade de produtos que ali são aplicados são aprovados, monitorizados, adequados e fiscalizados?

Seria importante avaliar – a sério – os Impactos que estas monoculturas causam nestas regiões subsidiárias do Alqueva? O que acontece à Paisagem, à Qualidade Ambiental, ao Turismo, à Biodiversidade, à Qualidade de Vida Humana, dos Animais e das Plantas? E as Alterações Climáticas?

Ou, por outro lado, será que é melhor aguardar, esperando que apareçam deformações em pessoas e animais, que aumentem as doenças respiratórias e alérgicas, os cancros, a água e a terra inquinadas, culturas inférteis, inexplicável mortalidade e novas doenças na Fauna e Flora, etc…etc…

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