Será que as ervas daninhas são a solução?

O problema das ervas daninhas que prosperam nas culturas arvenses de uma propriedade é geralmente motivo de preocupação, mas pode ser uma maneira de ajudar à recuperação dos invertebrados, de acordo com um novo estudo do Game & Wildlife Conservation Trust (GWCT). Eles descobriram que, à medida que o número de ervas ​​aumentava, o número e a diversidade de invertebrados aumentavam também. Isso significa mais alimento para os pássaros e pode significar mais alimento para os polinizadores e um maior controle natural das pragas das culturas (controle biológico).

Os investigadores estavam ansiosos para descobrir a melhor maneira de melhorar o número de insetos; reexaminados 18 anos de pesquisa sobre o trigo de inverno, a cultura mundial mais difundida, para investigar a ligação entre as ervas daninhas nas culturas e o número de invertebrados nos terrenos agrícolas. Com as medidas agro-ambientais a focar-se fortemente nas margens das culturas, como as sebes, os bosques e colinas, os resultados sugerem que a resposta pode estar mais próxima das culturas.

Ao concentrar-se no trigo de inverno, o estudo reconhece o papel primordial dos agricultores – fornecendo alimentos a uma população global crescente obtendo bons rendimentos com as culturas – enquanto equilibra a crescente pressão para apoiar e preservar a biodiversidade nas suas terras.

O estudo mostrou que todos os grupos de invertebrados aumentavam à medida que as ervas ​​aumentavam. A relação foi mais forte entre os invertebrados que comem plantas, em comparação com os predadores, mas ambos os grupos aumentaram com o coberto de ervas daninhas. O aumento do coberto de ervas daninhas também causou um aumento na disponibilidade de alimentos para as pequenas aves jovens.

O professor John Holland, chefe da Ecologia das Terras Agrícolas do GWCT e um dos autores do artigo, diz:

“Reconhecemos que um campo sem ervas daninhas apresenta um risco menor, além de ser mais agradável à vista. No entanto, pode não ser o mais rentável.

Se puder ser alcançado um equilíbrio entre custos mais baixos com herbicidas e níveis mais altos de invertebrados, com um controle biológico potencialmente melhor e a polinização de culturas, é uma situação em que todos saem a ganhar”.

O coberto médio de ervas daninhas variou desde 2,7% de cobertura do solo até 29%, sendo o “Pé de galinha” (Poa annua L.) e a “Sempre noiva”(Polygonum aviculare L.) as espécies mais comuns, seguidos pela “Erva moleira” (Stellaria media L.), pela ”Cauda de raposa” (Alopecurus myosuroides L.) e pela “Violeta dos campos” (Viola arvenses Murray). Os invertebrados mais comuns foram aranhas, besouros e moscas, seguidos por insetos e vespas parasitas.

O “Pé de galinha” anual, a “Sempre noiva” e a “Erva moleira” parecem ser as soluções mais desejáveis, equilibrando a diversidade de espécies de invertebrados que elas sustentam com seu impacto na produção agrícola.

Esse conhecimento pode permitir aos agricultores ter a confiança para tolerar certas plantas infestantes ​​que não ameaçam a sua operação agrícola, sabendo que elas ajudam a apoiar invertebrados e, portanto, outras espécies silvestres dos terrenos agrícolas, como os pássaros.

A análise dos dados e a preparação deste trabalho foram financiadas pela Fundação Esmée Fairbairn.

O artigo O potencial das ervas daninhas ​​para reverter o declínio de invertebrados e os serviços associados ao ecossistema nas culturas de cereais foi publicado na Frontiers in Sustainable Food Systems e está disponível ao publico através de acesso aberto.

The paper The Potential of Arable Weeds to Reverse Invertebrate Declines and Associated Ecosystem Services in Cereal Crops was published in Frontiers in Sustainable Food Systems and is publicly available via open access.

Tradução livre de João Grosso do texto original:

“Could weeds be the answer to reversing insect declines?”

Fonte: Game & Wildlife Conservation Trust

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