𝐃𝐞 𝐌𝐚𝐫ç𝐨 𝐚 𝐨𝐮𝐭𝐮𝐛𝐫𝐨 𝐯ã𝐨 𝐫𝐞𝐚𝐥𝐢𝐳𝐚𝐫-𝐬𝐞 𝐚𝐬 𝐩𝐫𝐢𝐦𝐞𝐢𝐫𝐚𝐬 𝐉𝐨𝐫𝐧𝐚𝐝𝐚𝐬 𝐝𝐚 𝐂𝐚ç𝐚 𝐞𝐦 𝐌é𝐫𝐭𝐨𝐥𝐚. 𝐐𝐮𝐚𝐢𝐬 𝐨𝐬 𝐩𝐫𝐢𝐧𝐜𝐢𝐩𝐚𝐢𝐬 𝐨𝐛𝐣𝐞𝐭𝐢𝐯𝐨𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐬𝐭𝐚 𝐢𝐧𝐢𝐜𝐢𝐚𝐭𝐢𝐯𝐚 𝐩𝐫𝐞𝐭𝐞𝐧𝐝𝐞 𝐜𝐮𝐦𝐩𝐫𝐢𝐫?
A dinamização da cinegética, a defesa da identidade do território, o reforço da marca Mértola como Capital Nacional da Caça e a criação de uma relação de proximidade entre o setor e a autarquia. Pretendemos transmitir um sinal claro ao setor, a nível local e nacional, de que pode contar sempre connosco na articulação de medidas que reforcem a atividade, tão atacada nos últimos anos. É também esse um dos objetivos das jornadas – comunicar aos menos informados, e com pouca proximidade com o mundo rural, que esta atividade vai muito além do ato de abater uma peça de caça. Não menos importante, pretendemos proporcionar o convívio e encontro de caçadores/gestores cinegéticos, com a finalidade de partilha dos problemas atuais, na perspetiva de se encontrarem soluções conjuntas.
𝐐𝐮𝐚𝐥 𝐚 𝐢𝐦𝐩𝐨𝐫𝐭â𝐧𝐜𝐢𝐚 𝐞𝐜𝐨𝐧ó𝐦𝐢𝐜𝐚/𝐬𝐨𝐜𝐢𝐚𝐥 𝐪𝐮𝐞 𝐚 𝐚𝐭𝐢𝐯𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐜𝐢𝐧𝐞𝐠é𝐭𝐢𝐜𝐚 𝐭𝐞𝐦 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐨𝐬 𝐭𝐞𝐫𝐫𝐢𝐭ó𝐫𝐢𝐨𝐬 𝐫𝐮𝐫𝐚𝐢𝐬 𝐝𝐨 𝐁𝐚𝐢𝐱𝐨 𝐀𝐥𝐞𝐧𝐭𝐞𝐣𝐨?
É fácil identificar esse impacto na restauração, hotelaria, nos pequenos comércios tradicionais, que não têm praticamente época baixa, pois Mértola é compensada, de setembro a fevereiro, com a visita de milhares de caçadores. As pessoas envolvidas conseguem compensar o orçamento familiar com a prestação de serviços ao setor (guias, secretários, batedores, cozinheiros, etc.). Uma referência também ao emprego direto proporcionado pelas grandes zonas de caça do concelho que têm trabalhadores efetivos. Existe, depois, a componente sociológica, contribuindo a caça, de forma decisiva, para manter e reforçar a identidade de um território.
𝐂𝐨𝐧𝐬𝐢𝐝𝐞𝐫𝐚 𝐪𝐮𝐞 𝐚 𝐜𝐚ç𝐚 𝐩𝐨𝐝𝐞𝐫á 𝐞𝐬𝐭𝐚𝐫 𝐞𝐦 𝐫𝐢𝐬𝐜𝐨, 𝐬𝐞𝐣𝐚 𝐩𝐞𝐥𝐚 𝐩𝐫𝐞𝐬𝐬ã𝐨 𝐞𝐱𝐞𝐫𝐜𝐢𝐝𝐚 𝐩𝐞𝐥𝐨𝐬 𝐬𝐞𝐮𝐬 𝐝𝐞𝐭𝐫𝐚𝐭𝐨𝐫𝐞𝐬 𝐨𝐮 𝐩𝐞𝐥𝐚 𝐩𝐞𝐫𝐝𝐚 𝐝𝐞𝐦𝐨𝐠𝐫á𝐟𝐢𝐜𝐚 𝐝𝐨 𝐢𝐧𝐭𝐞𝐫𝐢𝐨𝐫?
A caça nunca estará em risco pelo simples facto de um conjunto de pessoas mal informadas quererem impor os seus gostos pessoais e formas de viver aos outros. uma sociedade democrática não pode funcionar assim. A caça é uma atividade ancestral, essencial para a preservação da biodiversidade – a reintrodução do lince só teve sucesso no território com maior atividade cinegética do país, o que comprova a sua importância na conservação de outras espécies. Relativamente à perda demográfica, sendo uma realidade que se faz sentir mais no interior, é também um facto que essa tendência já se sentiu mais – verificamos cada vez mais pessoas a procurarem zonas rurais para trabalharem remotamente. A perda demográfica é para o setor da caça, especificamente, menos preocupante, porque as pessoas são resilientes, apaixonadas pela atividade e pelo mundo rural. Enquanto houver pessoas neste território vão existir caçadores. Não creio que a atividade, tão enraizada na forma de viver, possa desaparecer. Mas o setor tem capacidade, tal como em outros momentos, de se adaptar aos tempos atuais e, sobretudo, de se unir, em prol da caça e do mundo rural.
Fonte: Diário do Alentejo