A Atividade Cinegética está a ser posta em causa em vários países no mundo, desde a Nova Zelândia e Austrália até ao País de Gales, passando por Espanha e França.
Organizações animalistas urbanas muito influentes e organizadas em alguns grupos políticos, apresentam a sua versão da conservação da natureza, que confundem deliberadamente e de forma infundada com o “bem-estar animal” dos seus animais de estimação. Deste modo muito radical e impositivo querem proibir a Caça pois consideram-na “selvagem” e obsoleta nos nossos dias.
Vamos pensando e esperando que haverá uma réstia de bom senso e sentido comum nos nossos políticos, que analisará e levará em conta experiências, práticas, publicações e estudos científicos que atestam precisamente que a Atividade Cinegética, não só é, neste momento, imprescindível para o controle populacional e sanitário de algumas espécies silvestres, como é, também, melhoradora da Conservação da Natureza e promotora de Biodiversidade.
Porém, tudo isto não é certo que assim aconteça devido ao politicamente correto dos nossos dias e está, também, sob escrutínio apertado e discriminatório nas redes sociais; estes grupos de pessoas, são ativistas e estão empenhados em querer ter razão e demonstrá-lo. Vão procurar afincadamente encontrar “casos” que possam justificar as suas teorias e razões: Torre Bela, estão recordados?
Há uns dias atrás, traduzi uma publicação da Fundação Britânica Game & Wildlife Conservation Trust, sobre a implementação de 12 princípios para a Gestão da Caça no Reino Unido.
Produziram estes princípios em 2019, apresentaram-nos e discutiram-nos em 19 reuniões no Reino Unido.
Cada reunião teve a participação de representantes de 30 zonas de caça, de diferentes tipos, e algumas organizações de caça turística/comercial. Depois decorreu uma consulta on-line em 2020 e receberam mais de 340 respostas, com mais de 90% de apoio a estes Princípios com diretrizes acordadas internacionalmente sobre uso sustentável e biodiversidade.
Muitos dos princípios estão alinhados estreitamente com a Carta Europeia sobre Caça e Biodiversidade da Convenção de Berna.
Esta Carta Europeia é baseada em importantes acordos da Convenção de Berna sobre Diversidade Biológica. São os Princípios e Diretrizes de Adis Abeba para o uso sustentável da biodiversidade e a abordagem ecossistémica para a conservação (Princípios do Malawi). A Carta sobre Caça e Biodiversidade e os Princípios de Malawi e Adis Abeba são apoiados pela IUCN (International Union for Conservation of Nature) que é a autoridade global sobre o estado do mundo natural e as medidas necessárias para o salvaguardar.
Isto é dar credibilidade Conservacionista e Legal à Atividade Cinegética!
Estes princípios foram adotados porque eles estão alinhados com a Carta Europeia sobre Caça e Biodiversidade da Convenção de Berna, com os Princípios de Malawi e Adis Abeba e que, por sua vez, são apoiados pela IUCN que é a Autoridade Global sobre o estado do Mundo Natural!
Para que a “sociedade atual” nos aceite e entenda teremos que estar unidos na defesa do nosso Modo de Vida, que é a Caça; e a Caça não é um mero “desporto”, não é uma “brincadeira” e muito menos é um “vício”!
A Atividade Cinegética, deve apoiar-se na informação e Formação, perpetuar-se com pujança e revigorar-se, vencendo as adversidades que se apresentam, aplicando comprovadas boas práticas e adaptando a comunicação a modelos representativos, exemplares e uníssonos.
Há dias, um amigo meu dava-me o exemplo do Vinho em Portugal:
Aqui há uns anos a generalidade do nosso vinho era de muito baixa qualidade e, muitas pessoas, já nem se lembram desses tempos!
Havia algumas, muito poucas, marcas de vinhos com qualidade! O resto era praticamente vinho a granel, dizia ele, que eu não entendo nada de vinho.
O que aconteceu, entretanto?
Várias casas agrícolas, viajaram, tiveram contacto com outras realidades, contaram com enófilos e enólogos, adotaram boas práticas e, decorridos alguns anos, passámos a colocar os nossos vinhos em lugar de destaque em Portugal, e também por todo o mundo…
Para que a Atividade Cinegética possa praticar-se, para que os Caçadores continuemos a ter o “prazer de caçar”, a Gestão de Caça tem de basear-se numa mistura de Tradição e Conhecimento. Na Tradição porque esta não pode perder-se, e no Conhecimento, empírico e tradicional com certeza, mas também e, fundamentalmente, no Conhecimento Científico!
Em certas regiões do nosso país, durante muitos anos, nunca foi necessário intervir para que houvesse riqueza de Espécies Cinegéticas; tudo se conjugava para que os animais de caça se reproduzissem ano após ano.
Porém, hoje, com as alterações climáticas e agrícolas, as diferentes formas de semear e colher, utilizando outras sementes e processos, novas e estranhas culturas vizinhas, a exploração pecuária, o crescimento desmesurado de outras espécies predadoras do ecossistema, torna-se necessário intervir e ajudar mitigando estes fatores se queremos dar continuidade às nossas espécies de caça.
É muito importante não ficarmos reféns e apenas tentarmos defender-nos dos ataques animalistas. Podemos e devemos, através da demonstração das nossas Boas Práticas, sustentar com consistência a Credibilidade e a Necessidade da nossa Ação na Conservação da Natureza e, rebater assim com facilidade as suas teorias sem absolutamente qualquer sustentação científica…
João Grosso